Por: Eliana Capuano
Introdução
Durante o discurso que proferiu na 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao afirmar que teve uma “química excelente” com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. O republicano também anunciou que os dois se reunirão na próxima semana para tratar de temas bilaterais, em meio a críticas e sanções que marcaram as relações recentes entre os dois países. (Reuters)
Contexto e origens do atrito diplomático
- Sanções, tarifas e tensões: Trump impôs tarifas de até 50% sobre exportações do Brasil e sancionou autoridades brasileiras ligadas ao Supremo Tribunal Federal. Essas medidas aprofundaram a disputa diplomática entre os dois países. (Reuters)
- Discurso de Lula na ONU: Lula criticou medidas unilaterais dos EUA, taxas, sanções e falou de soberania. Afirmou que a independência do Judiciário e os direitos civis não deveriam ser submetidos a interferências externas. (The Guardian)
O momento do encontro e o elogio de Trump
- Segundo Trump, ele e Lula se encontraram rapidamente nos corredores da ONU: “Ele me pareceu um homem muito agradável. Eu gostei dele, e só faço negócios com pessoas de quem gosto.” (InfoMoney)
- Trump mencionou que foram apenas cerca de 39 segundos de contato, mas que esse breve momento foi suficiente para afirmar que houve excelente química. (InfoMoney)
- Ele formalizou que a reunião ocorrerá “na próxima semana”, caso haja interesse, como parte do gesto de reaproximação diplomática. (Gazeta do Povo)
Possíveis pautas de discussão na reunião
- Tarifas e relações comerciais: Revisão ou adaptação das tarifas impostas pelos EUA ao Brasil, e como isso impacta exportações e indústria nacional.
- Sanções vinculadas a figuras do STF: O governo brasileiro certamente buscará discutir as sanções aplicadas a autoridades brasileiras, especialmente àquelas ligadas ao Supremo, e tentar diminuir o impacto jurídico e político.
- Diplomacia e reputação internacional: Ambos os governos podem querer mostrar uma imagem de diálogo pragmático, sobretudo em meio a pressões geopolíticas e críticas internas.
- Áreas de cooperação: Apesar das divergências, temas como meio ambiente, comércio sustentável, clima poderiam estar na mesa como possíveis fronteiras de entendimento.
Repercussões internas no Brasil
- O encontro promete gerar grande repercussão política, já que Lula enfrentou sanções e críticas severas dos EUA, e muitos no meio político nacional avaliam se ele se posicionará de modo mais conciliador ou manterá críticas duras.
- Empresários e mercados reagiram positivamente à declaração de “química” de Trump: houve movimento de valorização do real e otimismo nos índices de bolsa. (Reuters)
- Por outro lado, setores da população ainda mantêm críticas às sanções e medidas externas, enxergando risco de soberania. Lula, por sua vez, continua defendendo o princípio de que o Brasil só se relaciona bem se suas instituições forem respeitadas. (Terra)
Desafios e incertezas
- Agenda conflitante: Há dúvidas se a reunião de fato acontecerá, pois Lula retorna ao Brasil na quinta-feira (25), o que pode impedir que o encontro ocorra, a menos que estenda sua estada. (Jovem Pan)
- Pauta concreta indefinida: Ainda não há confirmação pública sobre os temas que serão discutidos nem a forma da reunião — se será formal, bilateral ou no âmbito da ONU.
- Críticas políticas: O gesto de Trump pode ser visto por aliados políticos de Lula como algo simbólico demais, principalmente diante das divergências que ainda persistem em políticas de sanção, comércio e direitos humanos.
Conclusão
O anúncio de Trump de que houve excelente química com Lula abre uma nova fase nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Apesar da hostilidade e das sanções que marcaram o cenário recente, este breve gesto sinaliza possibilidade de reaproximação — embora os detalhes da reunião, sua concretização e alcance prático sigam envoltos em incerteza. A diplomacia brasileira tem agora diante de si o desafio de transformar esse gesto em resultados efetivos, enquanto mantém firme sua posição sobre soberania e independência nacional.







