O Rio de Janeiro amanheceu nesta terça-feira, 11, sob uma operação policial digna de um roteiro de cinema. Agentes das Polícias Civil e Militar avançaram sobre o chamado Complexo de Israel, na Zona Norte da capital, reduto de André Luiz de Oliveira, o Peixão, um dos traficantes mais influentes da cidade. O alvo principal da operação foi um resort de luxo construído em plena comunidade.
A estrutura, que conta com piscinas, hidromassagens, suítes luxuosas e um espaço de lazer digno de hotéis cinco estrelas, simboliza a ascensão de Peixão, que mescla o crime e a fé para consolidar seu poder. A operação busca desmantelar seu império, mas a influência do traficante vai muito além do tráfico de drogas, chegando até igrejas evangélicas, onde ele exerce um controle direto.
Quem é Peixão e como ele se tornou tão poderoso?
Peixão ganhou notoriedade como um dos chefes do tráfico na Zona Oeste do Rio, comandando favelas estratégicas. Diferente de outros traficantes, que apenas toleram atividades religiosas em seus territórios, ele se envolveu ativamente na estruturação de igrejas, promovendo cultos e influenciando lideranças religiosas.
Relatos indicam que ele investe dinheiro do tráfico em igrejas, controla pastores e usa a fé como ferramenta para legitimar seu poder. Em algumas comunidades, moradores são incentivados a orar pelos traficantes e enxergar Peixão como um “protetor”.
Religião como escudo para o crime
O uso da fé para fortalecer a autoridade do tráfico não é novidade, mas Peixão levou essa estratégia a um nível inédito. Ele ajudou a fundar igrejas dentro das favelas, promovendo eventos religiosos para reforçar sua imagem de líder justo e benevolente.
Além disso, denúncias indicam que sob sua influência, há uma perseguição crescente a religiões de matriz africana, com terreiros sendo fechados à força e o evangelismo imposto como religião dominante nos territórios sob seu controle.
A ligação com políticos e autoridades
Assim como as milícias, Peixão não se limita ao tráfico de drogas. Há indícios de que ele mantém relações com figuras políticas e autoridades, dificultando ações das forças de segurança. Além disso, investigações apontam que igrejas ligadas ao grupo criminoso podem estar sendo usadas para lavagem de dinheiro, dando um ar de legalidade aos recursos obtidos com o tráfico.
O império religioso-criminal de Peixão está com os dias contados?
A operação desta terça-feira marca um novo capítulo na tentativa de desmantelar a rede criminosa de Peixão. A invasão do resort de luxo no meio da favela expõe o poder e a ostentação do traficante, mas também levanta o debate sobre até onde vai sua influência.
O caso reacende a discussão sobre como o crime organizado se infiltra em diferentes esferas da sociedade, misturando poder, religião e violência. Agora, resta saber se as autoridades conseguirão desmontar seu império ou se ele seguirá reinando sob a bênção do crime e da fé.